segunda-feira, 22 de março de 2010

PÁTEO DA MISERICÓRDIA

Ano de 58, final de Verão.
Hora do dia já perdida, na arca dos pensamentos guardados de uma Mãe que já não recorda.
Esquecimento alargado a outros muitos filhos nascidos, desafiando qualquer cabeça a um esforço de memória, que nenhum batalhão de neurónios poderia suportar.
Vista a luz do dia, juntei-me a outros três, esperando a vinda mais tarde de um trio ,que fazia concertos tocados com os instrumentos que tinham à mão, pedindo aquilo que sabíamos, por vezes não existir. Alguma coisa para comer.
Feita a aparição do menino, parecido com a Mãe afiançam, as dores de cabeça da família aumentam tanto, que todos os analgésicos existentes na altura não foram bastantes.
Começa então uma vida.
Sentado num colo feito restaurante, estórias e mais amores, que só uma Mãe como aquela sabia oferecer.
Pai, mais ausente que outra coisa, provocando todo o tipo de desejos não conseguidos.
Fome de presenças, toques, carícias, de tudo aquilo que todos, ou quase, têm de pais presentes.
É deste puto, suportando dores de marcas passadas junto de gente, que com persistência se vai mantendo por perto, como que amparando todas as quedas, que todos os putos assim, inevitavelmente dão.
É dele que quero falar.

Este é o primeiro texto de mais alguns capítulos, que se mais ninguém quiser ler, cá estarei eu fazendo-o, recordando as infâncias que também tem coisas bonitas, muitas.
Vão aparecer por aqui, prometo.

Um comentário:

  1. numa leitura em familia subsiste a dúvida...quem será o menino da Mãe...cá ficamos atentamente à espera do novo capitulo...

    P.S. tanta cabecinha e foi a esta conclusão que chegámos, de qualquer forma conseguimos perceber a qualidade dos textos...obrigada zangarrão

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