quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A UNIVERSIDADE

Dias: quase todos.
Hora: 17.30 mais ao menos.
Os alunos chegam à hora certa.
De uma Universidade se fala.
Cinco ou seis à volta da mesa, discutindo tudo,
com um copo de vinho e uma isolada cerveja.
Alguém disse que uma mesa com gente sentada
à sua volta quer dizer cultura. Nada mais certo.
Acompanhada de comida, vinho e gente,
pode acontecer uma discussão, rica e cheia.
Trabalho, política, o social, desporto,
de todas estas coisa se fala.
As palavras saem gritadas, suaves ou caladas,
que o gesto por vezes fala mais alto.
De trabalho se fala e muito.
De profissões diversas, dignas todas elas,
porque dignas são todas as actividades, que de uma
ou outra forma fazem crescer os Países.
A política tem o seu espaço, ainda que alguma
resistência à sua discussão, por vezes se faça sentir,
esquecendo que quando se fala de trabalho
ou desporto, se está a discuti-la.
As artes têm o seu espaço, até por estar na mesa
alguém com capacidade para as compreender e criar.
O social ocupa, sem dúvida, a maior parte do tempo.
Fala-se de gente, de coisas e espaços.
De gente mulher, essa inevitabilidade,
quando se encontram juntos homens
sempre dispostos a olharem em direcção à rua,
que, de quando em vez, deixa desfilar,
corpos de fazer crescer água na boca.
As profissões têm o seu tempo.
Sabemos de cor o que é ser estofador, carpinteiro,
marceneiro, electricista ou serígrafo.
Como se faz, como se sente e como muitas vezes,
o proveito económico não chega para nos dar mais
tempo, para ver e sentir o que se passa mais além
desta cidade nossa, bonita e desigual.
De desporto, curiosamente, pouco se fala.
Coisa pouco normal, numa mesa de gente
que o praticou noutros tempos.
Assim se aprende a vida, se fazem identidades,
valores e princípios, que sendo diferentes em todos nós,
não deixam de nos pertencer.
Oxalá a mesa se mantenha com todos ou mais alguém
que se queira juntar.
Como diz a canção, traz outro amigo também.
Junta-se outra mesa, pede-se mais vinho e
pode a cerveja deixar de estar só.
Aqui nesta Universidade todos passamos os anos,
nem que seja em cima das cabeças,
fazendo cabelos brancos ou acabando com eles.
Um brinde meus amigos.
Que nunca se quedem mudos.



Um comentário: